sábado, 30 de janeiro de 2010

ALÔ, ALÔ, MÃE DINAH?

Defesa é sistema. Agora ouço por todo canto a falta que o Aírton faz. Antes ouvi a mesma coisa sobre o Jaílton. Houve uma época em que o Jaílton era mais imprescindível do que, sei lá, o Zico. Lembro que quando, no Brasileiro, o Flamengo perdeu vergonhosamente no Maraca para o Cruzeiro e levou uma piaba sem vergonha do Grêmio no Olímpico o Aírton estava em campo. Ele e também o Willians. Perdeu feio as duas assim mesmo. Neste carioca foram 4 jogos sem o Aírton, 3 sem o Willians, em todos os jogos o time sofreu gol, alguns jogos 2 gols e para completar o quadro todos os adversários eram sofríveis, os mais dificinhos vão surgir agora na tabela. Entendo quase nada de futebol, daí apelar para a intuição superior da Mãe Dinah. Os laterais não estão jogando nada. Sei, é princípio de temporada, mas vale ponto assim mesmo. Álvaro e Angelim são zagueiros lentos, de pouca recuperação. A toda hora ficam no mano a mano com um adversário e a coisa complica. Toró corre por um time inteiro, às vezes desordenadamente, já que pouca gente está correndo. Tem hora que parece aquela brincadeira de bobinho. Toró sempre é o bobo. Pro Flaflu o LeoMoura tá fora. Leio que o Andrade pensa em botar ali o Fierro. Entendo nada, ou quase, desse troço, mas não lembro de uma dividida em que o Fierro tenha continuado de pé. Talvez a posição ideal do Fierro seja a horizontal. Como cai o chileno. O Flamengo de Adriano, Pet e Wagner Love vai fazer lembrar o Santos de Pelé, Coutinho e Zito. Gol é o que não falta. O Flamengo vai vencer o Flaflu de 4, ou 5 a 3. Reclamações com a Mãe Dinah.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

a thing of beauty is a joy for ever

PELÉ, COUTINHO

Quem, como eu, não viu as geniais (quem viu, confirma) tabelinhas entre Pelé e Coutinho teve o indescritível prazer de tomar contato físico com a lenda. Ontem no Maraca, Adriano e Wagner Love resolveram materializar a substância lendária, criando uma das mais espetaculares jogadas a que o Maracanã serviu de palco. O jogo foi um horror, o que devia ser um time, mesmo que em pré-temporada, foi tão-só um bando. Alguns deviam sair algemados do Maraca, presos por prática indevida da profissão (Leonardo Moura, Kléberson). Mas tudo se tornou secundário (espero que menos para o Andrade) depois da magnífica tabelinha, sublime vinheta do Império do Amor. O tempo do Adriano era um-toque, o do Wagner Love dois-toques e lá se foram ambos, tabelando, direto para a história da beleza do futebol. Lenda é o que se torna realidade.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

ANO NOVO, NOVO TÍTULO




Hoje à noite o Flamengo encerra sua pré-temporada. Foi pouco mais de uma semana em Porto Feliz, outra semana com 3 jogos horríveis no Rio. Hoje a semana em casa se estica um pouco e o time vai pro Maraca fechando a pré-temporada de 2010. Os 3 jogos valeram pouco. Claro, valeram 9 pontos, mas a que me refiro é, no 1º jogo, Fernando, no 2º Vinícius Pacheco, no 3º Wagner Love. A postura e a polieficiência de Fernando, a volta madura e ativa de Vinícius Pacheco, a estréia em tudo auspiciosa de Wagner Love.
Saem Aírton e Zé Roberto. Os 2 que entram têm funções, estilos e qualidades distintas, mas deixam entrever a certeza do acerto. Espero que este último jogo da pré-hora seja bem melhor do que os anteriores porque, não se enganem, a Taça Gb é de extrema importância - uma vez que é de extrema importância qualquer competição onde o Flamengo está metido. À vitória!

sábado, 23 de janeiro de 2010

HEXA EM PARTES - 2009

Com a vinda do Adriano ficaram claras as possibilidades do Flamengo no Campeonato, mas o fator decisivo foi a troca de comando: sai Cuca, entra Andrade. Atrito zero. E significou a redescoberta de Petkovic, decisivo dentro de campo (para muitos o craque do campeonato), fundamental fora de campo (o episódio representou a saída da dupla Kléber Leite/Plínio Serpa Pinto do futebol rubronegro). Algumas partidas foram extremamente marcantes: as contra o Santos, por exemplo - na Vila Belmiro uma virada de sonho, quando Adriano finalmente incorporou sua importância para o time e possibilitou uma estréia a um tempo vitoriosa e emocionante para o Andrade; no Maraca, o gol do incorporado Adriano e Bruno pegando inacreditavelmente 2 pênaltis. Ou no Parque Antárctica contra o Palmeiras, quando Pet fez seu 1º gol de côrner e um outro que definitivamente entrou para a antologia da arte do futebol. Ou no Mineirão contra o Atlético, o clássico e contundente placar de 3x1, com a dupla Adriano e Pet reluzindo. Houve no Brasileiro de 2007 uma arrancada extraordinária que conduziu o time do penúltimo lugar à faixa da Libertadores; neste 2009 repetiu-se a extraordinária arrancada, desta vez para conduzir o time ao sonhado hexacampeonato. O time base foi Bruno, Leonardo Moura, Álvaro, Ronaldo Angelim, Juan, Aírton, Maldonado, Willians, Petkovic, Adriano e Zé Roberto. Não há filminho para ilustrar. Não há ilustração melhor do que reviver alguns jogos na memória, ainda fresca e para sempre intacta.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

HEXA EM PARTES - 1992

Em 1992 não havia mais Zico. No entanto Junior voltara da Itália para assumir a função de maestro da equipe, cuja base era Gilmar, Charles Guerreiro, Junior Baiano, Wilson Gottardo, Piá, Uidemar, Marquinhos, Junior, Zinho, Nélio e Gaúcho; o técnico era mais uma vez Carlinhos, que usou bastante alguns jovens de enorme potencial e que acabariam brilhando fora da Gávea (Djalminha, Marcelinho, Paulo Nunes). Na 1ª fase foram 18 jogos e uma performance cheia de altos e baixos (7 vitórias, 6 empates e 5 derrotas). 2 vitórias, ambas de virada, foram de entusiasmar: 2x1 contra o Palmeiras no Parque Antárctica, e 3x2 contra o São Paulo no Maracanã. A fase seguinte era composta de 2 grupos de 4 times, cujos vencedores fariam a final do campeonato. O grupo do Flamengo tinha o São Paulo, o Santos e o Vasco. Ganhamos os paulistas em casa (1x0 contra o São Paulo, 3x1 contra o Santos) e perdemos fora; a decisão acabou sendo os jogos contra o Vasco (1x1 no 1º e uma bela vitória de 2x1 no 2º jogo). As finais foram contra o Botafogo, ou talvez fosse mais acertado dizer a final, uma vez que o 1º jogo foi uma vitória tão categórica que nem a kombi botafoguense ficou completa para a 2ª partida. Embora entrasse em campo estranhamente como favorito (diziam que o time alvinegro era melhor do que o nosso rubronegro, como se isto importasse para ganharmos algum jogo), o time da estrela solitária levou 3 piabas contundentes e saímos do Maraca em uníssono cantando PEN-TA-CAM-PE-ÃO!
P.S: Ah, sim! Houve o outro jogo. O Flamengo fez 2x0 e, no finzinho, a torcida já comemorando, os jogadores em campo já comemorando, os caras chegaram ao empate, mas já não dava tempo de coisa alguma além da celebração do Penta-Campeonato. Rubronegros vivos e mortos celebravam desde o 1º jogo, tanto que no churrasco comemorativo até o Renato Gaúcho compareceu. Motivo pelo qual foi banido de Gal. Severiano.

sábado, 16 de janeiro de 2010

HEXA EM PARTES - 1987

A CBF estava de pires na mão e jogou a toalha: dizia-se financeiramente impossibilitada de realizar o Brasileiro de 1987. Os times grandes criaram o Clube dos 13 (os 4 do Rio, os 4 de São Paulo, a dobradinha de Minas e do Rio Grande do Sul e o Bahia; foram convidados o Goiás, o Curitiba e o melhor time de Pernambuco à época, o Santa Cruz) e organizaram um campeonato exemplar, onde todos jogariam contra todos, classificando-se os 4 melhores em duas partidas mata-mata. Arranjadas as parcerias, o Campeonato já era um sucesso antes de seu início. A CBF resolveu pegar carona e instituiu um campeonato com times da 2ª divisão e resolveu, em vez de numerais ordinais, dar cores às divisões. Coisa de viado, naturalmente. O Flamengo monta um senhor time pro Campeonato, mesclando veteranos e jovens com enorme potencial: Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho, Leonardo, Andrade, Aílton, Zico, Zinho, Renato Gaúcho e Bebeto. Ali estava a base do time campeão da Copa de 94. A equipe foi se acertando durante a competição, o técnico era o Carlinhos. 6 vitórias, 5 empates, 4 derrotas. Desta 1ª fase, o jogo que mais me emocionou foi no Maraca contra o Santa Cruz, em que Zico fez 3 gols e um dos mais belos gols de falta de todos os tempos. As semifinais foram contra o Atlético Mineiro e eram tratadas como a verdadeira final do Campeonato, uma vez que reunia os 2 melhores times da competição. 1º jogo 1xo no Maraca, gol de Bebeto; o 2º jogo, no Mineirão, foi um dos mais empolgantes da história do futebol, em qualquer época ou lugar: magníficos 3x2, com um gol espetacular de Renato Gaúcho. Depois deste jogo extraordinário, os finais contra o Internacional foram um pouco de anti-clímax: 1x1 no Beira-Rio, 1x0 no Maraca, gol do Bebeto numa enfiada sensacional do Andrade. Depois das comemorações A CBF bateu pezinho querendo cruzamento. Mas cruzamento é coisa pra cachorro.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

HEXA EM PARTES - 1983

O Brasileiro de 83 começou e terminou com passeio sobre o Santos. 2x0 na abertura, 3x0 na final, ambas no Maraca - o grande palco de Zico. Apesar da vitória sobre o time da Vila com autoridade de campeão, o início do Flamengo no certame foi irregular: 5 vitórias, 2 empates, 2 derrotas. Números que para aquele time eram decepcionantes. O que motivou a queda de Carpeggiani como técnico em plena vitória de 3x0 contra o Americano no Maraca. Mesmo a vitória categórica contra o time de Campos foi insuficiente para a manutenção do grande meia como técnico. Carlinhos assumiu como interino e Dunshee de Abranches viajou para arranjar novo técnico. Volta de Nova York com uma surpresa: o capitão da Copa de 70 iniciaria sua trajetória como técnico. Na estréia de Carlos Alberto Torres, uma contundente goleada contra o Corínthians, Zico e Cia fizeram o goleiro Leão ir 5 vezes buscar a bola dentro das próprias redes. O capitão mudou a estrutura do time: botou 3 jogadores de marcação (Vitor, Élder, Júlio César Ruivo), dando absoluta liberdade de movimentação a Zico e Adílio. As qurtas de final foram mata-mata contra o grande rival Vasco e como sempre fomos os vitoriosos, 2x1 e 1x1, em 2 jogos com mais de 100 mil torcedores no Maraca. As semifinais foram contra o Atlético Paranaense: no Maraca uma vitória tranquila, 3x0. Em Curitiba o jogo mais dramático do Campeonato. Os paranaenses fazem 2x0 ainda no 1º tempo; o Flamengo parecendo um arremedo de time. O 2º tempo foi outro jogo, mas o placar acabou o mesmo. As finais contra o Santos mostraram um jogo duríssimo no Morumbi, o Santos abrindo 2x0 de vantagem e o Flamengo comemorando o seu gol como uma verdadeira conquista. O time sabia que a diferença de 1 gol tirava tranquilamente no Rio. E foi o que aconteceu. Uma partida admirável, atuações extraordinárias de Junior, Adílio, Leandro e Zico. Um banho de bola tão grande que desestabilizou os nervos dos paulistas, que partiram para a briga no fim. Cada um tem a sua forma de chorar. O time base foi Raul, Leandro, Marinho, Mozer, Junior, Vitor, Élder, Júlio César Ruivo, Adílio, Balthazar e Zico.

domingo, 10 de janeiro de 2010

HEXA EM PARTES - 1982

O Flamengo era campeão do mundo e o melhor time do planeta. Os idiotas da objetividade não pensavam da mesma forma. O Flamengo não era campeão brasileiro, portanto não era o melhor time do Brasil. Ainda que fosse o melhor do mundo. Numa tarde senegalesca de feriado de São Sebastião, o Flamengo estreia no Campeonato Brasileiro de 82 contra o São Paulo campeão. Ainda na 1ª etapa 2x0 pros tricolores, o que levou a dúzia de bambis presente ao Maraca a fazer uma esquisita festa de samba à paulista. Talvez tenha sido isto, este arremedo de samba, que deixou nosso time enfurecido ao ponto da fantástica virada. Um 2º tempo excepcional deixou o placar da altura do futebol rubronegro. O 3x2 foi tão óbvio quanto a excelência do futebol de Zico e cia. E como jogou o Galinho àquela tarde! O campeonato era diferente dos moldes de hoje. Eram grupos que se classificavam para outros grupos adiante. Foi um campeonato marcado por viradas no placar. Além da virada fabulosa no Maraca contra o São Paulo, houve a bela virada (4x3) contra o Náutico, no Recife e a belíssima virada (também 4x3) no jogo de volta no Morumbi contra os "poderosos" bambis. O grupo seguinte foi o mais impressionante que já se formou em campeonatos desse tipo: Flamengo, Corinthians, Atlético Mineiro e Internacional. Tivemos uma fantástica virada no Maraca com 10 jogadores desde o 1º tempo contra o Atlético (2x1) e a única derrota no certame, contra o galo mineiro no jogo de volta, no Mineirão, e a classificação veio de Porto Alegre com outra virada de antologia: 3x2 contra o Inter, em noite que o Zico estava com conjuntividade e jogou demais, dando ao ditado popular (em terra de cego quem tem um olho é rei) contorno de verdade absoluta. As semifinais foram contra o Guarani, talvez o 2º melhor time do país à época. No Maraca 2x1, em Campinas outra virada histórica: 3x2 com 3 gols do Zico, em uma partida que devia ser aula para todas as gerações seguintes. As finais foram contra o Grêmio. No Maraca 1x1, Zico fazendo o gol no último minuto. Na partida de volta no Olímpico 0x0. O regulamento pedia uma 3ª partida, no mesmo local da 2ª. Em pleno Olímpico, Zico coloca a bola debaixo das pernas de seu marcador (sim, lembro o nome da vítima: Wilson Taddei), estica para Nunes, que estufa as redes. A jogada do Zico, o drible sensacional, não consegui recuperar, no filme que há o Wilson Taddei já está caído, vencido no chão. A lembrar ainda que o Raul fechou o gol, grande goleiro que era. O time foi quase todo o mesmo da conquista do Brasileiro anterior: Raul, Leandro, Marinho, Mozer, Junior, Andrade, Adílio, Zico, Tita, Nunes e Lico. O técnico era Paulo César Carpeggiani, que pendurara as chuteiras e iniciara promissora carreira de técnico.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

HEXA EM PARTES - 1980


O Flamengo era o melhor time do Brasil. O óbvio quase sempre é difícil de ser enxergado. A goleada de 4x1 para o Palmeiras na parte final do Campeonato Brasileiro de 1979 tornou a maioria cega. Mas dezembro passou rapidamente e fevereiro devolveu o pingo no i. O Flamengo começou exemplarmente o Brasileiro de 80 e Zico especialmente: 1x0 no Santos no Morumbi, o mesmo placar contra o Internacional, campeão brasileiro, no Maraca, os gols sempre do Galo. No 3º jogo a pedra no caminho e a cegueira de volta aos olhos da maioria: a vexaminosa derrota por 2x1 contra o Botafogo da Paraíba em pleno Maraca, com Zico e toda a Companhia. Depois, foram 17 jogos invictos (11 vitórias e 6 empates). O mais memorável jogo da série foi a devolução da goleada ao Palmeiras no Maraca: 6x2, com Zico fazendo seu mais mais belo gol de falta. Nas semifinais contra o Coritiba, uma categórica vitória fora por 2x0 e o dramático jogo no Maraca, quando as bruxas resolveram se soltar: o time paranaense fez 2x0, perdemos em sequência Zico e Júlio César contundidos e o fantasma do Maracanazzo se avizinhava. Tita se imbuiu do espírito de Zico e em 5 minutos Nunes decretara o empate. Aí veio o mais belo gol da competição. O lateral-direito Carlos Alberto, substituto de Toninho, deu a arrancada possessa e virou o placar. Um gol de antologia, que toda criança deveria ver antes de partir pra qualquer estádio de futebol. O placar de 4x3 deu a exata dimensão do jogo. As finais contra o Atlético Mineiro foram talvez as melhores finais de todos os tempos. Sem Zico e no meio do jogo sem Rondinelli amargamos a 2ª derrota no certame. Mas o único problema real para o jogo da volta no Maraca era saber se o Zico iria ou não se recuperar a tempo. Com Ele em campo a certeza se vestia de vermelho e preto. O time base no campeonato foi Raul, Toninho, Rondinelli, Marinho, Junior, Andrade, Carpeggiani, Zico, Tita, Nunes e Adílio. E que time, crianças! O comandante foi Cláudio Coutinho, inquestionavelmente um dos maiores técnicos que já passaram pela Gávea.