O GOL MAIS BONITO DO ANO: SIMPLICIDADE É EXUBERÂNCIA





E QUE TOQUE DO MARCELINHO FOI ESSE, MEU DEUS?!

PINGO NO I

Comentaristas de futebol têm a pretensão de técnicos, só que erram bem mais - a diferença é que seus erros não têm consequências. São as Mães Dinás do entretenimento esportivo. O que se ouviu de análises da vaia e dos gritos de burro destinados ao Caio Jr. não está no gibi. Em geral, e arquibancada também, a torcida é tratada como massa descerebrada, feixe de nervos sem cérebro que os decodifique. O Ibson tem sido um dos jogadores menos produtivos e consequentemente um dos mais vaiados. No sábado, o Ibson vinha lutando muito e produzindo nada. Podia muito bem ser substituído. Mais ainda: devia ser substituído. Torcida não debate. O que foi vaiado não foi exatamente a substituição do Ibson, mas o conjunto da obra do Caio. Escala errado e depois tem de fazer substituições uma atrás das outras. Nos últimos jogos a história vem se repetindo: sai Josiel, sai Ibson. A vaia foi direcionada a esta estupidez que vai virando rotina. Gritar o nome do Ibson depois foi demarcar terreno. Não vaiamos na véspera. Todo jogador é devidamente saudado ao entrar em campo. Até os mal escalados. Torcida não quer conversa. Quer atitude.

ONTEM É HISTÓRIA

Fim de mês, noite fria, chuva forte, vitória inesquecível, daquelas que viram lenda e sedimentam a certeza de que acreditar é tornar possível. Os 40 mil ali presentes só nos permitíamos uma única dúvida: quem correria para o abraço da antológica virada?

OK, QUE VENHA O 1 A 0!

Um diz: "O importante é vencer, não importa o placar."

Outro emenda de primeira: "Eles vão jogar recuados, esperando um erro nosso."

O professor tenta a síntese: "Nem sempre que se faz uma grande partida se consegue a vitória."

Ok, que venha o suado, o chorado 1 a 0!

POR QUÉ NO TE CALLAS?

- "O Sport leva vantagem psicológica. Venceram a Copa do Brasil e jogam o Brasileiro sem compromisso."

E a antecipada desculpa:

- "Eles têm um sistema defensivo muito forte. Foi assim que atraíram o Palmeiras e fizeram três gols no Palestra Itália."

A PULGA ATRÁS DA ORELHA

Ok, técnicos falam sempre as mesmas coisas. São professores das frases-feitas. As mesmas meia-dúzia de frases são pau pra toda obra. E daí? Não têm nenhuma obrigação com a originalidade, têm é que fazer o time jogar bola. Mas o que me preocupa é ler as entrevistas de hoje do Caio Jr. como se fossem as de ontem (Palmeiras, 2oo7). O Palmeiras conseguiu o improvável: perder a classificação para a Libertadores. Ainda que as frases de ontem sejam as mesmas que as de hoje, espero sinceramente que o dono delas tenha aprendido alguma coisa e não repita, como farsa, a história.

TRÊS PONTINHOS

Parte da torcida, éramos 25 mil, vaiou o time ao fim do jogo. Também vaiei. Boa parte pediu mais empenho. Não pedi. Houve empenho, houve muita luta. Reduzir futebol à luta é coisa de quem luta para não cair. Quem quer ser campeão tem de jogar bola. Há dois jogos que o Flamengo não joga absolutamente coisa alguma. No entanto, empenho há. Alguns estão nitidamente fora de forma, se não física, mas técnica. Outros achando que jogam muito mais do que verdadeiramente jogam. Quem vai chamar à razão? O técnico não parece dar conta do que se há de riscar. O clube ainda é presidencialista? Será o Fábio Luciano quem deve traçar a cao um Ipiranga no meio do castigado gramado da Gávea e de uma das margens erguer o brado retumbante? É chegar junto, voz firme, palavra decidida. Saber o que há e cobrar providências. A menos que seja tudo um acordo para encaixar jogadores e vendê-los logo adiante, ali na esquina.

A MÍSERA GOLEADA

O problema está posto: o Flamengo tem bons jogadores, mas não tem um time. Pior: o técnico está absolutamente perdido, sem saber que escalação pôr em campo. Um Hamlet de óculos coloridos. Desdenha da base formada e fica experimentando feito um cientista aloprado. Há pouco, no Maracanã, onde eu queria entrosamento, ele queria novidade. Jogadores fora de forma se misturando a jogadores desentrosados a resultar numa grande e sem-vergonha pelada, na qual podia dar qualquer placar. Torcer para acabar um jogo, no Maracanã, contra o lanterna do campeonato: vou botar isto na conta do Caio Jr.

E mais: ou a coisa muda ou sequer vamos permanecer entre os classificados para a Libertadores.

HOJE TEM

2 PROMESSAS DE TEMPO BOM NA GÁVEA

UM TÉCNICO TRAPALHÃO

- Que fazer? Tenho q mexer na defesa. Se tirar o Jaílton vou passar por ignorante, já q o Jaílton pode jogar como 3º zagueiro. Tiro então o Fábio Luciano? Mas acho q capitão eu não posso tirar. Então vou tirar o Angelim. Mas o Angelim já começou a aparecer muito na midia... Acho melhor tirar o Éverton. Se eu tirar o Ibson ele vai reclamar, o Éverton acho q não reclama. Não, melhor deixar o Éverton... Vou tirar o Marcelinho do ataque e colocá-lo no meio, mas aí volta à estaca zero: quem tirar? O Josiel fica. Vou botar no ataque o Josiel e o Vandinho. Essa nostalgia do sul q não me larga... Será q o Kléber traria um meio campo de Londrina? O Bruno fica, melhor nem pensar em mexer no goleiro. Ó céus, Hamlet também era trapalhão, mas ao menos era um príncipe...

UMA NAÇÃO QUE CRESCE

O novo xodó da família é fruto do casamento de Bruno, 29, filho do meio de Zico, com Danúbia D’Ávila Coimbra, 27. ''Mengo, Mengo...'' É assim, sussurrando o som do mais conhecido grito da torcida flamenguista, que Zico embala o neto em seu colo. "Não há qualquer possibilidade de nesta família alguém não ser flamenguista" - afirma o feliz vovô.

AS FÁCEIS PREVISÕES

Em condições normais de temperatura e pressão, a conjugação dos resultados das 2 próximas rodadas trarão o Flamengo para a faixa classificatória da Libertadores. Vencer Ipatinga e Sport no Maraca é obrigação. Ainda que de míseros 1 a 0.

Ibson diz que quando se ganha ninguém vê nada, só quando se perde. Calma lá: leio que o Murici pegou de novo no pé do Hernanes, porque o Murici achou que o jogador errou passe demais. Pelo que consta o São Paulo não perdeu. Ibson precisa jogar mais e cultivar também um pouco mais a auto-crítica.

Fábio Luciano, o grande capitão, pede mais paciência e ainda entusiasmo. Caro capitão: paciência e entusiasmo são parcelas inerentes à paixão, não se é flamengo sem paixão. Se você ainda não aprendeu, prepare-se: seremos 80 mil pessoas nesses próximos 2 jogos somados, com a certeza que paixão se retribui com paixão.

OU POLEMIZA OU JOGA

* Ibson ficou chateado porque foi substituído no jogo contra o São Paulo, mas não quer polemizar. Ou polemiza ou joga.

* Ibson tem de ser barrado. O problema é que o Caio Jr, que é quem o deve barrar, tem também de ser barrado.

* Os 2 maiores reforços do Flamengo este ano não se realizaram: a volta do Ibson pro Porto e a ida do Caio Jr. pra Arábia.

* As entrevistas do Caio Jr. depois dos jogos são o samba do crioulo doido. Pega uma prata no pódio. O ouro continua com o Dunga. Mas o Caio chega lá.

* Leo Moura voltou da seleção pisando em salto 15. Agora é a vez do Juan. No São Paulo, Murici chegou junto do Hernanes e barrou qualquer desfile. Parece que tem passarela armada na Gávea.

PROCURA-SE TIME. SOMENTE A TORCIDA, ESTA APAIXONADA, FOI AO JOGO

Arranjar culpados é tão inútil quanto procurar chifre em cabeça de cavalo. Ou de burro. No vergonhoso jogo de ontem, o Flamengo só contou com quem sempre poderá contar: a extraordinária torcida. O adversário não só parecia ter mais gente em campo como de fato tinha: nosso time entrou em campo com menos 2. O Josiel parecia aquele playboyzinho caipira, filho do fazendeiro, que chega na fazenda na hora da pelada e resolvem dar uniforme pra ele. E o Ibson. O Ibson é um caso sério. Não acertou jogada alguma. Não que tentasse qualquer jogada ousada, errava passes de 1 e 2 metros. Um tempo inteiro assim. O "professor" impassível à beira do gramado a tudo assistia e parecia gostar, porque o arremedo de time voltou pro 2º tempo sem modificação. A única modificação era no placar. 15 minutos depois o "professor" resolveu trocar seis por meia dúzia, sai o fazendeiro-herdeiro e entra Vandinho. O problema era na meiúca. Josiel sequer devia ter entrado em campo. Quando a vaca já tinha ido pro brejo, que é para continuar com imagens rurais, o "professor" bota em campo o jogador de melhor técnica dos que atuaram no meio - o argentino. No 1º lance criou jogada pro Juan deixar o Vandinho sozinho diante do gol perdido; no último lance uma arrancada pra deixar o Obina em condições de marcar. Ou paro aqui, ou vou encher esta página de palavrão.

N A Ç Ã O

Invadir é coisa de celerado. Só bando invade. Somos uma nação. Uma nação que vibra. O epicentro é no Rio, mas do Acre ao Zimbabwe sentimos e nos fazemos sentir. Em todo canto do planeta, ou mesmo na Lua. Se há gravidade, estamos aí. Nossa embaixada é o time. Hoje o Morumbi será rubronegro. Vamos alguns do Rio, mas o denso da torcida é de lá. Indivíduos que se agrupam em torno do manto sagrado e que vivem em Sampa, que ao falar rubronegro usam mais o "r" do que nós mas com o mesmo entusiasmo. Uma nação sem fronteiras. Quem, de fora, hoje à tarde, observar o Morumbi há de dizer com genuína admiração: o Maracanã é no Morumbi! Não viemos: estamos! Fabiano, Luiz Cláudio, Carlos Roberto, Claudinha, nomes, nomes, todos com as mesmas cores, a mesma alegria e a mesmíssima certeza: hexa!!!

O MORUMBI É NOSSO! AHRAH!! UHRUH!!!

S A U D A D E

ÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚÚ

Isso não é seleção brasileira. É seleção européia!

Sequer é um time, são vários: o time do Robinho, o time do Diego. Cada um jogando por si.

Se batessem um par ou ímpar e calhasse de o Juan e o Nilmar ficarem no mesmo time, goleava!

Sem público, sem bola - o jogo foi a cara do técnico e dos dirigentes.

Voltemos ao que interessa: rumo ao hexa!

EU TERIA UM DESGOSTO PROFUNDO SE FALTASSE O FLAMENGO NO MUNDO...

Uns quilinhos a menos e o uniforme vai ficar perfeito

Queremos o HEXA, Caio Junior!

Contratou muitos jogadores, agora eu quero ver o meu MENGAO ser HEXA.

- Agora começam as definições no Campeonato Brasileiro, quem vai brigar para não cair, quem vai brigar para ir para a Libertadores e para conquistar o título. Graças a Deus vamos disputar a Libertadores e o título. Faltam 14 jogos, e vamos saber aproveitar bem a tabela agora - Caio Junior.

O VÔO DO URUBU

GANHAR FORA É FICAR DENTRO

* Grande partida de Leo Moura e Ronaldo Angelim. Aliás o Angelim vem fazendo milagre: os cegos começam a vê-lo.

* Golaço do Marcelinho Paraíba: a proteção da bola, a manutenção do equilíbrio, o toque sutil de canhota. Ainda parece aquém de sua ideal condição física. Ou é engano meu?

* Sambueza é, pro Caio Jr, o que eram Tardelli/Obina pro Joel Santana: entra no final, mas quando entra tem sempre gol. O argentino joga fácil.

* Desta vez, finalmente, o Bruno não falhou. A bola foi surpreendente e com muita força. Mas cabia uma grande defesa, daquelas que o narrador ergue a voz: espáááááálma Brúúúúúúno...

* Maxi foi erro de escalação. Quando o professor tenta se corrigir, antes de pensar em Obina bota Vandinho. Na contabilidade oficial, Obina tem muito mais crédito, devemos a ele algumas decisões. A menos que o Vandinho seja outro leão de treino (adeus, Éder, boa sorte!). Vandinho ainda teve tempo de entrar e não fazer o que o Tadeu, do Figueirense, fez logo depois com competência.

* Os dados serão rolados no Morumbi. Com sorte, até lá, ficamos de novo na faixa classificatória para a Libertadores.

FICOU LEGAL, MAS O MANTO SAGRADO TE CAI BEM MELHOR

FERRO NO DUNGA!

O SOBRENATURAL DE ALMEIDA

* Este Flaflu foi daqueles em que o sobrenatural rola o dado e dá as cartas. Muito estranho. O Fla tentando jogar como time grande, o Flu jogando como time pequeno. 60 mil pessoas tentando entender o que acontecia.

* Bruno, que nos acostumara à impressionante regularidade, agora nos acostuma à constrangedora irregularidade. O golpe de vista de ontem foi digno de Mr. Magoo. E diz que não errou. Em verdade quem errou fui eu quando resolvi não vaiá-lo ontem. Confesso que errei, deveria ter vaiado.

* No "chuta que entra" de ontem a trinca defensiva esteve muito bem, Jaílton, Fábio Luciano e Angelim. Juan novamente o melhor, se bem que desta vez dividindo a tarefa com o moleque Éverton. Jogou muito o Éverton, que junto a Toró e Kléberson fizeram o Flamengo sonhar em ter finalmente um meio de campo.

* Obina só acertava o que errava. Mas pior fez o Caio: ao tirar o Obina, o desenho tático virou garrancho, a pelada virou suruba. Não que o Obina não merecesse sair, mas para quem entrar? Na casa da mãe Joana onde o time passou a jogar, Sambueza partiu pro lance individual, riscou o marcador e rabiscou a jogada do gol de empate. Menos mal.