sábado, 20 de agosto de 2011

FLAMENGO É FLAMENGO E VICE-VERSA

O jogo de meio de semana foi o de vice-versa. O jogo contra o Santos foi de sonho, contra o Atlético Goianiense foi de pesadelo. O time não é exatamente um nem outro. O jogaço contra o Santos redimensionou o time aos olhos de todos e, sobretudo, ao seus próprios olhos. O time passou a se achar melhor do que de fato é. O jogo atípico contra o Santos e a subida de produção do jogo do Ronaldinho deram a medida da qualidade do Flamengo. Irreal. É necessário acordar para a medida real deste time se estivermos a fim mesmo de ser campeões. Não há time algum melhor do que o nosso. Há mais arrumados, há mais compactados. Nossos problemas são muitos, nenhum grave. Mas é preciso atenção sobre eles, é necessário treinamento para minimizá-los. Nada de novo, todo mundo sabe quais são. Felipe tem saído muito mal do gol, tem reposto muito mal a bola em jogo. Leo Moura só produz se tiver com quem dialogar, foi o Negueba, chegou a ser o Fierro, sem isso torna-se uma nulidade. Angelim decai de produção, não apenas o peso da idade, mas a falta de quem comande a zaga. Welinton é um monstro de saúde, tem algumas qualidades, nenhuma que impressione - talvez precise amadurecer, mas não necessariamente neste time. Lembro de alguns jogadores que foram emprestados e voltaram prontos, Andrade é o melhor exemplo. Jr César tem contra si a estatura, a passada curta, facilmente alcançada pelo adversário: não, não é falta quando o cara de lado num quase carrinho tira com facilidade a bola dele, que invariavelmente se atira no gramado (quando há grama, esse artigo cada vez mais raro nos campos brasileiros). Williams é um exímio volante de desarme, Aírton um exímio marcador, esperar deles armação de jogo, como na última partida, é um absurdo inominável. Abreu é por temperamento o líder do elenco, mas seu futebol é lento feito um videotape dos anos 50, além de sua irregularidade nos passes ser um risco a cada jogo. Thiago Neves jogou mais no Flu do que joga no Fla. Só que jogar no Fla dá outra dimensão à qualidade do jogo. Thiago virou selecionável rapidamente. É um bom jogador que o Fla redimensionou. Deivid teve uma melhora considerável, mas insuficiente. Não tem arranque, não tem capacidade de drible (alguém já viu um drible do Deivid?), não tem velocidade. Jael é a reedição do Vanderlei, que há pouco meteu o pé. Quando será a vez do Jael, que um dia já foi o Josiel, meter o pé também? Botinelli é o cara comprado sabe-se como, mostra alguma qualidade, nenhuma significativa, mostra alguns defeitos, nenhum grave. Um banco que talvez haja similar em casa. Fierro é o jogador que todo técnico gosta: joga pouco, mas com muita vontade; joga pouco, mas não reclama nunca; joga pouco, mas só joga taticamente. Sobra Ronaldinho. Ronaldinho é Ronaldinho. Vanderlei sabe das coisas ainda. Essa pressa bem brasileira com que se desqualifica é igual a outra que tão rapidamente qualifica. Erra como todo técnico, e errou feio na última 5ªfeira, como todo técnico acerta, e Vanderlei acerta mais do que em média os outros técnicos. Fica claro que não descobriu a melhor maneira de montar o time com esses jogadores. Encontrou um jeito que depende demasiadamente do talento do Ronaldinho - e para isso, sejamos razoáveis, não precisa quebrar a cabeça para arranjar tal jeito. A constrangedora goleada serve para fazer o grupo aterrizar, botar os dois pés no chão, arregaçar a manga nos treinamentos. Conscientizar-se que joga a mesma medida que os outros jogam. Nada mais, nada menos.

Nenhum comentário: