
Juan tem sido o jogador decisivo. A chapa esquenta, Juan vai lá e resolve. Juan é jogador de vibrar com o jogo. Sua marra é fruto da garra, não é a marra fanfarrona dos pseudos craques. A entrega de Juan faz dele menos esperto, porque o esperto dissimula. É da natureza da esperteza dissimular. Maradona espertamente ganhou uma copa na mão. Nilton Santos fez o Brasil não sair de uma copa se adiantando um passo e espertamente ludibriar o árbitro para não marcar a falta dentro da área. Juan errou ao não ser esperto. Seu gesto podia, se o árbitro fosse mais frouxo, acabar em expulsão. Se Juan fosse esperto não ameaçava, na próxima dava. Como fez o Ronaldinho no jogo contra o São Paulo - se quebrasse a perna do André Dias, azar, é do jogo, não foi o que o Gérson fez contra um peruano? Ronaldo é esperto, Gérson foi esperto. Juan não é esperto. Ameaça é a defesa possível de quem não quer ser botinudo. A cotovelada do Pelé num uruguaio na Copa de 70 foi saudada como mais uma esperteza do rei. Juan precisa lembrar que o Brasil é um país de espertos. Seu gesto só pode ser entendido por quem joga bola e, certo ou errado, o árbitro está lá para decidir o fato. Zé Lins do Rego, grande rubronegro e grande escritor, absolutamente nesta ordem, já nos havia ensinado: o problema do jornalismo esportivo é que nenhum dos escribas sabe bater um escanteio. O problema do Juan, que não é escriba de futebol e sabe bater muito bem escanteio, é não saber bater. Na próxima deve fazer igual ao jogador do Bangu que tirou o Zico dos gramados e ninguém apareceu para a crucificação. A todos bastou a lamentação: Que azar, mas é do jogo.